São
nossos atos que constituem nossa identidade, tanto individual quanto coletiva,
e o registro desses atos é o que mais contribui para que a nossa memória seja
passada adiante. Segundo Henry Rousso, o atributo mais imediato da memória “é
garantir a continuidade do tempo e permitir resistir à alteridade, ‘ao tempo
que muda’, as rupturas que são o destino de toda a vida humana; em suma ela
constitui – eis uma banalidade – um elemento essencial da identidade, da
percepção de si e dos outros”.
Os
arquivos pessoais surgem da necessidade do indivíduo de registrar os
acontecimentos ao longo de sua vida. Mas, seja esse registro de âmbito legal
(certidão de nascimento, título de eleitor, certidão de casamento) ou uma
mostra do cotidiano, como fotografias e diários, a verdade é que essa
documentação reunida pode nos contar muito mais do que atos do produtor do
acervo. É comum que mudanças sociais, acontecimentos políticos, registros de
trabalho e outros eventos apareçam nessa documentação, nos mostrando além do
“personagem principal”.
E é essa junção de informações que torna a organização de acervos pessoais tão complexa e exige que seja feito um trabalho minucioso, para que informações e contextos não sejam perdidos. No trabalho aqui proposto, foram levadas em consideração todas as facetas de José Celso Claudio. Assim, muito mais do que mostrar sua vida como indivíduo, será mostrada sua vida como membro e participante ativa da sociedade capixaba.
A produção de documentos constitui uma
importante fonte de informação sobre a história e cultura de um povo. Porém,
para que constituam uma fonte de pesquisa e conservação da memória é necessário
que a documentação seja devidamente tratada e disponibilizada. Para atingir o
objetivo, o acervo em questão precisa passar pelas fases de identificação,
descrição, arranjo e digitalização.